GAECO investiga suposto esquema de exigência de propina a empresas contratadas pela prefeitura; oposição na Câmara já articula pedido de impeachment.

Sorocaba – A gestão do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), enfrenta sua maior crise institucional. O prefeito é o principal alvo da “Operação Confidentia”, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que investiga um suposto esquema de corrupção passiva, concussão (extorsão praticada por funcionário público) e lavagem de dinheiro no alto escalão da administração municipal.

A investigação, que corre sob sigilo, apura denúncias de que o grupo político do prefeito teria montado um sistema para exigir vantagens indevidas (propina) de empresas que possuem contratos milionários com a Prefeitura de Sorocaba, especialmente fornecedores de serviços terceirizados e da área de tecnologia da informação.

O “Gabinete Paralelo” e a Ação do GAECO

O escândalo ganhou força após empresários, em acordo de delação premiada, detalharem como o suposto esquema funcionava. Segundo as denúncias, haveria um “gabinete paralelo” que atuava na coação desses fornecedores, exigindo pagamentos para garantir a liberação de faturas e a manutenção dos contratos vigentes.

Nas últimas semanas, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao prefeito, incluindo seu gabinete no Palácio dos Tropeiros (sede da prefeitura) e sua residência particular. A primeira-dama, Sirlange Manga, também foi citada nas investigações como uma das possíveis operadoras do esquema, o que agrava a crise política.

Pagamento de R$ 200 Mil em Espécie à Primeira-Dama de Sorocaba

Agentes do GAECO apreenderam celulares, computadores e documentos para rastrear o fluxo do dinheiro e comprovar a materialidade dos crimes. A suspeita é que os valores recebidos ilicitamente eram “lavados” por meio de empresas de fachada e aquisição de bens.

A Defesa do Prefeito

Desde que a operação se tornou pública, o prefeito Rodrigo Manga tem negado veementemente todas as acusações. Em comunicados oficiais e entrevistas, ele afirma ser vítima de “perseguição política” e de uma “armação” orquestrada por adversários que, segundo ele, não aceitam o sucesso de sua gestão.

Manga declarou estar “de consciência tranquila” e totalmente à disposição da Justiça para “abrir todas as suas contas” e provar sua inocência.

Crise de Governabilidade

O escândalo mergulhou Sorocaba em uma grave crise de governabilidade. Na Câmara Municipal, a oposição aproveitou o desgaste do prefeito para protocolar um pedido de abertura de uma Comissão Processante (CP).

O objetivo dos vereadores é investigar a quebra de decoro e as infrações político-administrativas supostamente cometidas por Manga. Se a comissão for instaurada e as denúncias forem comprovadas, o processo pode culminar na cassação do mandato do prefeito.