Bolsonaro sem saidinha de Natal

Brasil, Política

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O dilema dos deputados aliados: manter a coerência ou tentar mudar a lei para salvar o líder?

O Roteirista do Brasil não Brinca: Lei Aprovada pela Própria Direita Deixa Bolsonaro sem ‘Saidinha’ de Natal

A política brasileira é um terreno fértil para reviravoltas que nem a melhor ficção conseguiria prever. Com a prisão preventiva de Jair Bolsonaro confirmada e o mês de dezembro batendo à porta, uma ironia amarga toma conta dos corredores de Brasília: o ex-presidente passará o Natal na cadeia, “vítima” do rigor penal que sua própria base política lutou anos para aprovar.

A Bandeira da “Saidinha”

Durante todo o mandato anterior e o início da atual legislatura, a Bancada da Bala e a Frente Parlamentar Evangélica tiveram uma obsessão legislativa: o fim das saídas temporárias de presos em feriados, popularmente conhecidas como “saidinhas”. Bolsonaro sem Saidinha de Natal.

O argumento era moral e de segurança pública. “Bandido tem que cumprir pena, não passar feriado em casa”, bradavam os deputados aliados nos púlpitos e plenários. A pressão funcionou. O Congresso endureceu a Lei de Execução Penal, restringindo drasticamente o benefício. Foi uma vitória histórica do conservadorismo.

O Efeito Bumerangue

Corta para novembro de 2025. Jair Bolsonaro está detido na Superintendência da Polícia Federal. Embora sua prisão seja preventiva (o que, juridicamente, já não permitiria a saída automática), o clima jurídico e político criado pela nova legislação fecha qualquer porta para manobras de “humanidade” ou exceções.

Se a lei fosse a antiga, mais branda, a defesa poderia tentar argumentar por um indulto humanitário ou uma visita familiar estendida de Natal. Mas, no atual cenário, qualquer flexibilização soaria como uma afronta à lei que o próprio bolsonarismo escreveu. O rigor que servia para prender o “criminoso comum” agora se aplica, com peso de chumbo, ao líder da nação conservadora.

A Sinuca de Bico dos Aliados

A oposição, claro, não perdoa. Nas redes sociais, a esquerda viraliza a narrativa da ironia: “Aprovaram o fim da saidinha achando que só valia para os outros”.

Para os deputados do PL e aliados, a situação é desconfortável. Eles se veem diante de um dilema ético e político gigantesco:

  1. Manter a coerência: Defender que a lei é para todos e que Bolsonaro deve passar o Natal preso, desagradando a base fanática.
  2. Hipocrisia: Tentar reverter a medida ou pedir exceção, admitindo que o rigor penal só é bom quando é “nos olhos dos outros”.

A Lei é para Todos?

Para o público cristão, o momento convida a uma reflexão bíblica sobre justiça. Gálatas 6:7 diz que “tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. A semente do endurecimento penal foi plantada com convicção. A colheita, agora, atinge a própria casa.

Bolsonaro, isolado e sem as benesses que o sistema antigo permitia, viverá na pele a austeridade que defendeu. Resta saber se, após o Natal, a direita continuará achando que a prisão deve ser um local de punição absoluta ou se a experiência do “Capitão” trará uma nova visão sobre direitos humanos e sistema carcerário.

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